Avaliação genética embrionária (PGT-A) qual a sua importância e em qual contexto?

Até hoje muito se questiona a respeito da avaliação genética embrionária quando os casais seguem por um tratamento de fertilização in vitro e, mais ainda quando temos os casos em que o embrião será doado.

Sempre paira uma dúvida, principalmente porque sabemos que o teste não é um diagnóstico efetivo, mas quando temos uma análise muito bem desenhada os resultados podem ser o divisor de águas na decisão para essa mulher receber o embrião em seu útero.

Na vivência que tenho ao longo destes anos cuidando de casais dos mais diversos possíveis, posso dizer que sei bem quando a avaliação genética cromossômica pode ter um papel tranquilizador e agregador.

Então vamos entender o que o teste de avaliação cromossômica embrionária chamado PGT-A identifica de fato nos embriões para depois concluirmos se ele cabe ou não para os embriões que vão ser doados.

Essa investigação é direcionada aos cromossomos que são as estruturas que contém a informação genética (os genes) para formar todos nós seres vivos. Todas as nossas células que possuem núcleo contêm no seu interior um conjunto de informações genéticas que chamamos de cromossomos, cada espécie tem seu número único. Na formação do embrião este recebe uma parte dos cromossomos vindos do óvulo e a outra parte do espermatozoide.

Gosto de fazer uma comparação para deixar um pouco mais clara a diferença entre o que representa a análise cromossômica em relação à gênica. Imaginemos que o nosso conjunto de cromossomos são as estantes e que em cada uma dessas estantes nas prateleiras temos os livros que são os nossos genes. Sendo assim, essa avaliação pelo teste chamado PGT-A vai fazer a identificação da estrutura das estantes e não irá olhar para os livros contidos nas prateleiras.

A avaliação cromossômica nos embriões é feita de forma indireta, e o que isso significa? Que analisamos células que vão dar origem a placenta e não as células que formarão o embrião de fato. Essa é a razão pela qual o teste não é um diagnóstico efetivo e sim uma triagem com grande acurácia pela tecnologia hoje empregada. A investigação feita por uma técnica diferenciada permite que tenhamos uma assertividade de até 98,8% restando uma margem muito pequena de limitação.

A análise no formato que temos hoje continuará a ser alvo de muitos questionamentos porque não é o diagnóstico e, sempre se colocará a preocupação com o fato de precisar retirar células do embrião, o que pode causar uma dificuldade para que ele consiga se conectar ao útero.

É aqui que surgem as diferentes situações, e quero colocar uma reflexão para todos nós que vivenciamos essas muitas dúvidas e questionamentos que nos são colocados a frente quando lidamos com o maior sonho de todos, o milagre da vida.

Imaginemos um caso com uma mulher que em sua trajetória teve seu companheiro inicialmente e no tempo que estiveram juntos eles não conseguiram seu bebê. Ela teve uma nova oportunidade com um novo parceiro e ainda assim não conseguiu realizar seu sonho.

Hoje ela está sozinha e sem ter conseguido realizar o sonho de ser mãe, mas sua vontade é maior do que todos os obstáculos já colocados pela vida.

No auge dos seus 46 anos ela cria coragem e na conversa com seu especialista ele dá a oportunidade de receber um embrião que foi colocado para doação.

Sua alegria é imensa, mas aí surgem as preocupações e questionamentos com relação ao futuro: existe alguma forma de saber se esse embrião é saudável antes de recebê-lo no útero?

É aí que ela se depara com a avaliação cromossômica embrionária, que pode ser sim uma opção no sentido de uma maior segurança no que diz respeito às alterações nos cromossomos.

Ela ficou muito feliz com essa possibilidade e perguntou ao seu especialista como poderia se beneficiar dessa investigação. Foi quando seu especialista colocou a ela que não considerava essa avaliação indicada para o caso do embrião que estava para doação.

Ela buscou entender por que essa avaliação não seria indicada para esse caso, perguntando ao seu especialista. Ele lhe colocou que o casal que gerou esse embrião são pessoas jovens com uma chance bem baixa de ter uma alteração gerada nos cromossomos.

Ela entendeu, mas ainda assim colocou que uma vez que estava se prontificando a ter esse bebê sozinha, não seria melhor ter um pouco mais de certeza? Seu especialista ainda tentou se colocar contra a avaliação pela possibilidade de piorar as chances de implantação do embrião no útero, mas ela insistiu que se sentiria mais segura com a análise.

Desta forma, procedeu com a investigação genética no embrião e surpreendentemente ele teve alteração em dois cromossomos distintos.

O que podemos levar de mensagem desse caso dessa mulher em busca da gestação solo?

1 – Que não temos a capacidade de intuir como está a organização genética (cromossômica) do embrião somente tendo como base as informações externas, como idade do casal, hábitos de vida etc.

2 – Precisamos tentar entender cada caso e situação para que possamos dar os caminhos com todas as alternativas possíveis.

3 – Lembrar que a decisão no final será sempre de quem está envolvido no caso.

Tags :
Institucional

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Até hoje muito se questiona a respeito da avaliação genética embrionária quando os casais seguem por um tratamento de fertilização in vitro e, mais ainda quando temos os casos em que o embrião será doado.

Sempre paira uma dúvida, principalmente porque sabemos que o teste não é um diagnóstico efetivo, mas quando temos uma análise muito bem desenhada os resultados podem ser o divisor de águas na decisão para essa mulher receber o embrião em seu útero.

Na vivência que tenho ao longo destes anos cuidando de casais dos mais diversos possíveis, posso dizer que sei bem quando a avaliação genética cromossômica pode ter um papel tranquilizador e agregador.

Então vamos entender o que o teste de avaliação cromossômica embrionária chamado PGT-A identifica de fato nos embriões para depois concluirmos se ele cabe ou não para os embriões que vão ser doados.

Essa investigação é direcionada aos cromossomos que são as estruturas que contém a informação genética (os genes) para formar todos nós seres vivos. Todas as nossas células que possuem núcleo contêm no seu interior um conjunto de informações genéticas que chamamos de cromossomos, cada espécie tem seu número único. Na formação do embrião este recebe uma parte dos cromossomos vindos do óvulo e a outra parte do espermatozoide.

Gosto de fazer uma comparação para deixar um pouco mais clara a diferença entre o que representa a análise cromossômica em relação à gênica. Imaginemos que o nosso conjunto de cromossomos são as estantes e que em cada uma dessas estantes nas prateleiras temos os livros que são os nossos genes. Sendo assim, essa avaliação pelo teste chamado PGT-A vai fazer a identificação da estrutura das estantes e não irá olhar para os livros contidos nas prateleiras.

A avaliação cromossômica nos embriões é feita de forma indireta, e o que isso significa? Que analisamos células que vão dar origem a placenta e não as células que formarão o embrião de fato. Essa é a razão pela qual o teste não é um diagnóstico efetivo e sim uma triagem com grande acurácia pela tecnologia hoje empregada. A investigação feita por uma técnica diferenciada permite que tenhamos uma assertividade de até 98,8% restando uma margem muito pequena de limitação.

A análise no formato que temos hoje continuará a ser alvo de muitos questionamentos porque não é o diagnóstico e, sempre se colocará a preocupação com o fato de precisar retirar células do embrião, o que pode causar uma dificuldade para que ele consiga se conectar ao útero.

É aqui que surgem as diferentes situações, e quero colocar uma reflexão para todos nós que vivenciamos essas muitas dúvidas e questionamentos que nos são colocados a frente quando lidamos com o maior sonho de todos, o milagre da vida.

Imaginemos um caso com uma mulher que em sua trajetória teve seu companheiro inicialmente e no tempo que estiveram juntos eles não conseguiram seu bebê. Ela teve uma nova oportunidade com um novo parceiro e ainda assim não conseguiu realizar seu sonho.

Hoje ela está sozinha e sem ter conseguido realizar o sonho de ser mãe, mas sua vontade é maior do que todos os obstáculos já colocados pela vida.

No auge dos seus 46 anos ela cria coragem e na conversa com seu especialista ele dá a oportunidade de receber um embrião que foi colocado para doação.

Sua alegria é imensa, mas aí surgem as preocupações e questionamentos com relação ao futuro: existe alguma forma de saber se esse embrião é saudável antes de recebê-lo no útero?

É aí que ela se depara com a avaliação cromossômica embrionária, que pode ser sim uma opção no sentido de uma maior segurança no que diz respeito às alterações nos cromossomos.

Ela ficou muito feliz com essa possibilidade e perguntou ao seu especialista como poderia se beneficiar dessa investigação. Foi quando seu especialista colocou a ela que não considerava essa avaliação indicada para o caso do embrião que estava para doação.

Ela buscou entender por que essa avaliação não seria indicada para esse caso, perguntando ao seu especialista. Ele lhe colocou que o casal que gerou esse embrião são pessoas jovens com uma chance bem baixa de ter uma alteração gerada nos cromossomos.

Ela entendeu, mas ainda assim colocou que uma vez que estava se prontificando a ter esse bebê sozinha, não seria melhor ter um pouco mais de certeza? Seu especialista ainda tentou se colocar contra a avaliação pela possibilidade de piorar as chances de implantação do embrião no útero, mas ela insistiu que se sentiria mais segura com a análise.

Desta forma, procedeu com a investigação genética no embrião e surpreendentemente ele teve alteração em dois cromossomos distintos.

O que podemos levar de mensagem desse caso dessa mulher em busca da gestação solo?

1 – Que não temos a capacidade de intuir como está a organização genética (cromossômica) do embrião somente tendo como base as informações externas, como idade do casal, hábitos de vida etc.

2 – Precisamos tentar entender cada caso e situação para que possamos dar os caminhos com todas as alternativas possíveis.

3 – Lembrar que a decisão no final será sempre de quem está envolvido no caso.